27 de outubro de 2012

"Que saudade de você!" - Como lidar com a perda?

Está sendo difícil para mim compreender a partida de meu esposo. Sinto dificuldade também em ajudar meu netinho que adorava o vovô. Lúcia

Eu entendo, Lúcia, e me sensibilizo com sua dor e dificuldade. É difícil interpretar e acolher este momento. Difícil para os adultos e, muito mais, para as crianças. Todos nós passamos por estes momentos. Algumas pessoas logo conseguem elaborar a dor, a ausência da pessoa querida. Outras têm mais dificuldade e sofrem muito.

Lembro-me, agora, do senhor Raimundo, uma pessa muito humilde, da COHAB, onde fiz missão em finais de semana, anos atrás. Num momento de oração e reflexão, o presidente da celebração pediu que conversássemos sobre a fé, a vida do cristão, em grupos. Eu era do grupo do senhor Raimundo. E fiquei edificada com o que ele disse, de forma muito simples:

“Quando nascemos, ao sermos batizados, recebemos uma vela que foi acesa. Durante a vida, conforme vivemos nossa fé, esta vela vai se queimando e diminuindo. No momento de nossa morte, ela se apaga. É o que vemos, mas, acreditem, ela não se apaga. Na verdade, é a nossa luz que se mistura com a luz de Deus!”

Que profunda esta definição do Sr. Raimundo sobre a fé, a vida e a  morte. Nunca vou esquecer este testemunho de fé tão verdadeira.
Creio, que é o que você está experimentando agora, Lúcia, mesmo sofrendo, chorando... É o que experimentam  tantas outras pessoas que sentiram partir entes queridos deixando-os surpresos e sem palavras!
Pode dizer, Lúcia,  aos seus amigos e aos familiares, que agora, seu esposo  brilha mais, pois sua luz se mistura com a Luz de Deus. Assim nos garante nossa fé, mesmo se por muito tempo a dor nos fira!

Apontando para a vida eterna, o último livro da Bíblia diz: “Deus estará com eles. Enxugará as lágrimas de seus olhos e não haverá morte nem luto, nem pranto, nem dor, porque tudo o que é antigo terá desaparecido” (Ap 21,2-4).

Seu netinho não tem condições de entender tudo isto. Mas, você pode ajudá-lo a guardar a memória bonita do vovô querido. Tantas coisas podem ajudá-la. Por exemplo, li nestes dias e presenteei uma menininha que chorava de saudade do vovô que partiu, um livro muito interessante, intitulado “Que saudades de você...” de Pat Palmer e Eve Ferreti, Paulinas. A menina se interessou muito e ao lê-lo, se calmou. Este livro ajuda a criança a compreender que tudo se modifica, passa. Nós também. O vovô também.
Ao invés de dizer que o vovô está lá “em cima”, "foi pro céu",  é melhor dizer que ele está "com Deus", nosso grande amigo e, certamente, o maior amigo do vovô. E Deus, portanto o céu, está em toda parte.


O YOUCAT, catecismo da Igreja Católica, ensina: "O Céu é o ambiente de Deus. O Céu não é um lugar no espaço sideral. É um estado. O Céu é onde a vontade de Deus acontece sem resistência. Quando um dia, com a ajuda de Deus, formos para o Céu, estará à nossa espera algo que, como diz São Paulo, "o olho não viu, o ouvido não ouviu e não subiu ao coração humano: o que Deus preparou para aqueles que o amam" (1Cor 2,9).

Ir. Patrícia Silva,fsp



Nenhum comentário:

Postar um comentário