15 de janeiro de 2012

Como lidar com as perdas

Está sendo difícil para mim compreender a partida de meu esposo. Sinto dificuldade também em ajudar meu netinho que adorava o vovô. Lúcia

É difícil, Lúcia, para a maioria das pessoas interpretar e acolher este momento. Difícil para os adultos e muito mais, para as crianças. Há grupos preocupados e dedicados a ajudar pessoas enlutadas.
Lembro-me, agora, do Raimundo, um senhor muito humilde, da COHAB, onde fiz missão em finais de semana, anos atrás. Num momento de reflexão, o presidente da celebração pediu que conversássemos sobre a fé e a vida, em grupos. Eu era do grupo do senhor Raimundo. E ele nos disse, de forma muito simples:
“Quando nascemos, ao sermos batizados, recebemos uma vela que foi acesa. Durante a vida, conforme vivemos nossa fé, esta vela vai se queimando e diminuindo. No momento de nossa morte, ela se apaga. É o que vemos, mas, na verdade, ela não se apaga. Na verdade, a nossa luz se mistura naquele momento com a luz de Deus!”
Que profunda esta definição do Sr. Raimundo sobre a fé, a vida e a  morte. Nunca vou esquecer este testemunho de fé tão verdadeira.
Outra pessoa da mesma comunidade, já no final de sua vida, deixou-me outra frase cheia de sabedoria: o senhor José. Sabendo que era paciente em fase terminal, quis ajudá-lo e foi ele quem me ajudou quando disse: "Para mim morrer é como trocar uma roupa velha por uma roupa nova. É uma vida nova".
Experimentamos todos nós, o sofrimento, a dor por tantas pessoas queridas que partem deixando-nos surpresos e sem palavras!
Podemos ter esta certeza: nossos amigos e familiares, que partiram, o esposo de Lúcia, brilham muito mais, pois sua luz se confunde com a Luz de Deus. Assim nos garante nossa fé! E o Sr. Raimundo explicou de forma tão simples.
Os bispos, na Conferência de Aparecida, disseram uma palavra fundamentada na Bíblia:
“Por assim dizer, Deus Pai sai de si, para nos chamar a participar de sua vida e de sua glória. Por meio de Israel, povo que fez seu, Deus nos revela seu projeto de vida. Cada vez que Israel procurou e necessitou de seu Deus, sobretudo nas desgraças nacionais, teve uma singular experiência de comunhão com Ele, que o fazia partícipe de sua verdade, sua vida e sua santidade. Por isso, não demorou em testemunhar que seu Deus – diferentemente dos ídolos – é o “Deus vivo” (Dt 5,26) que o liberta dos opressores (cf. Ex 3,7-10), que perdoa incansavelmente (cf. Ec 34,6; Eclo 2,11) e que restitui a salvação perdida quando o povo, envolvido “nas redes da morte” (Sl 116,3), dirige-se a Ele suplicante (Cf. Is 38,16). Deste Deus – que é seu Pai – Jesus afirmará que “não é um Deus de mortos, mas de vivos” (Mc 12,27). (DAp 129).
Apontando para a vida eterna, o último livro da Bíblia diz: “Deus estará com eles. Enxugará as lágrimas de seus olhos e não haverá morte nem luto, nem pranto, nem dor, porque tudo o que é antigo terá desaparecido” (Ap 21,2-4).
O netinho de Lúcia não tem condições de entender tudo isto. Mas, li estes dias e presenteei uma menininha que chorava de saudade do vovô que partiu, um livro muito interessante, intitulado “Que saudades de você...” de Pat Palmer e Eve Ferreti, Paulinas. Pode ajudar.

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